Transporte urbano cai 60% na Covid e Emdurb não vê como cumprir decreto

Olá. Hoje nossa matéria aborda os efeitos da pandemia sobre o transporte coletivo, comércio, e a repercussão do depoimento do presidente da Emdurb, Luiz Carlos Valle na CEI da Covid.

Se você preferir resumo dos fatos e comentários por vídeo, acesse o link:

 

Se quiser ler mais detalhes, com aprofundamento, segue a REPORTAGEM, abaixo.

O número de passageiros transportados pelo sistema urbano em Bauru teve queda de 60,06% a partir do início da pandemia, em março de 2020. De 2,2 milhões de passageiros/mês, as concessionárias que operam na cidade passaram a receber apenas 1,3 milhão de passageiros por mês, na média, conforme dados apresentados pela Emdurb.

A informação presente nos relatórios da Diretoria de Transportes foram confirmadas pelo presidente da Emdurb, Luiz Carlos da Costa Valle, em depoimento virtual à CEI Covid, nesta terça-feira. Em fevereiro de 2020, quando a pandemia ainda não tinha sido reconhecida oficialmente, foram transportados 2.211.066 passageiros pelas empresas na cidade. Em fevereiro deste ano, foram 1.328.201 registros.

Valle também contou que o mês de abril foi o pior, com 828.026 passageiros registrados no sistema. Naquele momento, Bauru enfrentou a primeira fase de regras mais rígidas de controle da pandemia com isolamento social. Depois, o volume de usuários atraídos pelas linhas coletivas passaram a registrar, em média, 1,3 milhão/mensais, conforme a Emdurb.

Para um recorte linear sobre a queda de 60% no volume transportado, em 12 meses a queda na arrecadação no sistema projeta R$ 44,4 milhões. Porém, a queda na demanda gerou ajustes na frota disponibilizada, para minimizar efeitos.

Conforme a Emdurb, no início da pandemia haviam 212 ônibus operando. Com a queda nos passageiros, as linhas passaram a atuar com 130 veículos. Mas, com o tempo, as reclamações de lotação, sobretudo em horários de pico, se tornaram comuns.

A certa altura, o Ministério Público passou a realizar reuniões para discutir as reclamações, tendo em vista a questão sanitária. Segundo Luiz Carlos Valle, no início deste ano o atual governo inseriu mais 10 linhas. “A queda de passageiros foi acentuada. E do ano passado nós não temos conhecimento se algo foi feito. Assim que assumimos passamos a participar de reuniões quinzenais da Promotoria, com Henrique Varonez, pra discutir isto. E criamos 10 linhas extras em horários de pico e linhas com maios demanda”, disse.

Ele deu exemplos, como as linhas Unesp/CTI/Ouro Verde, Otávio Rasi/São Francisco, Unesp/Camélias/Falcão e itinerários da região que atende aos condomínios Villagio em direção ao Centro. Nesta fase, segundo a Emdurb, 165 carros operam, ou 20,2% menos do que a demanda registrada em fevereiro de 2020.

“NÃO ATENDE”

O presidente da Emdurb avaliou que não há condições operacionais, ou sanitárias, de cumprir à risca o decreto estabelecido pelo Estado – e repetido pela Prefeitura de Bauru – em relação às condições para o funcionamento do transporte coletivo na pandemia.

“Se a Emdurb aplicar que só pode ter passageiros sentados, como é estabelecido, não atende”, afirmou Valle. Ele reconheceu que a abrangência da fiscalização é limitada, mesmo com a Emdurb tendo disponível imagens do movimento de dentro dos veículos linkado com a Diretoria de Transportes.

A Comissão de Inquérito está solicitando gravações de períodos das lotações do sistema e relatórios de fiscalização. A Emdurb não apresentou informação sobre aplicação de autuações, durante a pandemia.

COMÉRCIO

O então presidente do Sincomércio, Walace Sampaio, foi duro em suas críticas já conhecidas na direção da gestão do ex-prefeito Gazzetta (e governador João Doria) desde o início da pandemia.

Conforme Sampaio, o setor sofreu com medidas restritivas sem “ciência”, sem testagem em massa e baseada em um “mantra” dos agentes políticos de que estavam matando a “economia” para “salvar vidas”. Segundo ele, o setor, em Bauru, perdeu 1.600 empresas até aqui.

Para Walace, a apuração terá a possibilidade de apontar omissões e erros do governo Gazzetta na condução da pandemia. “Ele teve R$ 70 milhões de repasses totais no caixa para a pandemia, com uma parte significativa para abrir leitos (como a prefeita Suéllen conseguiu fazer agora) e não abriu um leito sequer. E o governador, de seu partido, manteve durante todo o ano de 2020 Bauru com os mesmos 50 leitos UTI. E não fez testagem em massa, com ciência. Fez aqueles testes sem critério em drive thru, sem divisão por faixas etárias, bairros”, comentou.

O presidente da Acib, Reinaldo Cafeo, complementou que o governo anterior atuou com base em um monólogo, onde a administração decidia e anunciava as ações. Para o economista, os efeitos danosos serão trágicos se houver terceira onda da pandemia sem suporte financeiro a empresas do comércio e serviços.

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