USP aprova Faculdade de Medicina em Bauru com plano para contratar 85 professores mas em 12 anos

Reitor da USP, Carlos Carlotti Jr, ao centro, preside a reunião do Conselho Universitário que aprova a criação da Faculdade de Medicina em Bauru

O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou hoje (19/03/2024) a Faculdade de Medicina no campus de Bauru, com suporte de ensino e pesquisa vinculado ao Hospital das Clínicas de Bauru (HCB). O projeto aprovado contrata 85 novos professores em 12 anos, a partir do deslocamento de verbas com novas aposentadorias previstas na universidade. A Faculdade também nasce sem departamentos neste momento, para não onerar o orçamento da universidade.

Com a aprovação da Faculdade em Bauru, a USP cumpre sua parte no acordo com o Estado, que assumiu o Hospital de Reabilitação Crânio Facial (HRAC). A aprovação de mais 85 contratações, em 12 anos, é bastante reduzida para os padrões nas outras unidades. Ribeirão Preto e SP tem, cada uma, unidades com 300 professores existentes. A argumentação para 1/3 dessa estrutura em Bauru é de que a faculdade aqui na cidade forma médicos sob outra lógica, com menos especialidades.

A diretora da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), Marília Buzalaf, aponta que a faculdade estará vinculada ao Hospital das Clínicas, a custo zero, com o remanejamento de recursos da assistência (assumidos pelo Estado). “Era comum cobrança do Ministério Público para um prédio novo e sem ocupação pela universidade. O HCB tem hoje 128 leitos, sendo 80 de enfermaria e 48 de UTI, e deve chegar a 265 leitos quando atingir todo o potencial, com cirurgias da torácica à vascular, além de clínica médica e outras especialidades, um excelente campo de ensino e pesquisa”, defende.

HISTÓRICO

A proposta de criação da Faculdade de Medicina em Bauru começa ao redor de 2012, quando a USP tinha uma série de problemas econômico-financeiros, sendo identificado em Bauru um custo por aluno no campus muito elevado. “Com o funcionamento do HRAC e a FOB juntos em Bauru, dolarizado o custo por aluno era mais caro do que qualquer universidade americana. Isso chamou a atenção. E tínhamos um prédio com 12 andares pronto, para hospital, e sem uso. E ele seria a ampliação do Centrinho, um custo de mais R$ 600 milhões em relação a estrutura disponível na ocasião”, apresentou o reitor da USP  Carlos Carlotti Júnior.

O Conselho Universitário, em agosto de 2014, tomou decisão, em acordo com o Estado, de transferir o HRAC para a Secretaria Estadual de Saúde, com cerca de 800 funcionários e custo de R$ 13 milhões mensais. “O Estado criaria o Hospital das Clínicas e a USP implantaria a Faculdade de Medicina. Foi o combinado lá atrás. O HC foi criado e em 2017 foi criado o curso de medicina em Bauru”, disse o reitor.

O Estado abriu edital para uma fundação assumir a gestão do hospital, pelo modelo de Organização Social. A Fundação do HC de Ribeirão Preto (Faepa) assumiu o HC de Bauru, em 2022. “O Estado investe R$ 7 milhões por mês no hospital, como custeio e pessoal. E em 2023, foram investidos R$ 80 milhões em estrutura”, disse Carlotti.

Hoje o curso de medicina tem 20 professores, insustentável para graduação de medicina. “Em SP tem 300 professores e em Ribeirão Preto também. Com tutores contratados é insustentável o funcionamento do curso de medicina. Assumi e achei que o processo ainda não estava maduro. O projeto acadêmico era bom, mas suspendi para aperfeiçoar a proposta de estrutura. Bauru refez a proposta, agora amadurecida”, defende.

Marília Buzalaf, diretora da FOB, apontou custo zero para criação da nova faculdade em Bauru
ESTRUTURA APROVADA

Bauru solicita mais 85 professores. Seriam 100 no total, para um modelo sem todas as especialidades existentes nos modelos tradicionais. “Dos 600 servidores, 480 estão em Bauru hoje. 35 servidores do HRAC seriam o corpo técnico da nova Faculdade de Medicina. E, a cada ano, será escalonado novas contratações a partir das aposentadorias ou novos pedidos de exonerações”, traz a proposta.

Para o ano de 2023, é possível com isso contratar 13 professores, com o volume de entradas e saídas, ano a ano. “Chegamos em 12 anos aos 85 novos professores, sem onerar a folha da USP. Esta é a proposta redesenhada. O plano também tem 4 professores titulares, dois para cada departamento (dois), no cronograma. A Faculdade é criada sem departamentos (diretorias adicionais) neste momento”, enfatizou o reitor da USP.

Com a transferência do HRAC para o Estado, a Universidade liberou de seu orçamento em torno de R$ 13 milhões ano. E com a estrutura aprovada pelo Conselho para a Faculdade de Medicina este custo agora passaria a ser de R$ 3 milhões ano. “O Estado aceitou o acordo em troca da USP criar a Faculdade de Medicina. Fizeram a parte deles. Se não aprova a faculdade, como acordado em 2014, nós teríamos de fechar o terceiro curso mais procurado pela USP e descaracterizaria a Faculdade de Odontologia em Bauru, um curso tradicional. Tivemos o cuidado de fazer planejamento real para criar a faculdade ao longo do tempo e considero boa a proposta para a Universidade e a formação de profissionais no Interior”, finalizou Carlotti.

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