Profa. Dra. Nilma Renildes da Silva
Essa é uma brisa de resposta para uma reportagem intitulada “Colocar psicólogos em escolas é plano paliativo e demagogia de Tarcísio, afirma especialista”, do site Rede Brasil Atual. Penso ser necessário fazer uma reflexão, ainda que breve, dado aos últimos funestos acontecimentos e o posicionamento do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que está cogitando colocar policiais nas escolas e contratar seguranças privados como medidas protetivas, além de contratar 550 profissionais de Psicologia para o atendimento semanal nas escolas, sem, contudo, fazer um estudo aprofundado do tema, sem um plano de trabalho com toda a comunidade.
Com certeza, psicólogas, os/es nas escolas terão “grandiosas” e profícuas tarefas no chão dessas instituições para com todes aqueles que tem o privilégio de manter-se nela e a gravitam, como os próprios estudantes, os familiares e trabalhadoras/es e a comunidade em seu entorno etc.
Não obstante, a presença dos profissionais da psicologia infelizmente está longe de ser a solução para os ataques às instituições da modernidade. Assim como não é a solução a presença de policiais armades dentro e fora das escolas, haja vista que comprometerão a atividade fim dessas, bem como, o desenvolvimento de uma integração humanizada entre todes aqueles envolvides cotidianamente no empenho de levar a cabo a atividade tão cara e necessária à manutenção do status quo desse bárbaro sistema social.
Na verdade, designar policiais para fazerem a segurança da escola causa uma contradição na sua própria atividade (que é repressiva e punitiva), mas que, devido ao deslocamento do espaço de ação/função (ambiente escolar), não poderá (tampouco deverá) ser exercida. Aliás, atividade essa sem a qual a barbárie instalada no sistema social não teria sido tão bem-sucedida. No entanto, a ideia de que a militarização nas escolas diminuirá os índices de violência escolar é falsa. A violência escolar não deve ser combatida com uma força repressiva e punitivista, mas sim com a compreensão dos múltiplos fatores que provocam esse fenômeno para se ter uma atuação efetiva.
Conforme demonstraram os estudos sobre a temática (e não são poucos), SÃO DIVERSAS as frentes de trabalhos que precisam ser implementados a curto, médio e a longo prazo nas políticas educacionais e demais políticas de seguridade social para que tenhamos êxitos em minimizar os efeitos funestos do capital nas próprias instituições por ele engendradas, para assegurar o seu desenvolvimento.
No entanto, o principal e imediato: recuperar as escolas como espaços sociais e democráticos de acesso a todes, todas e todos, para a continuidade do processo de sociabilidade e apropriação do “real” conhecimento científico e social produzido pela e para a humanidade. Devemos nos lembrar de não culpabilizar a escola, mas entendê-la como uma instituição que faz parte do sistema capitalista, sistema esse que busca a exploração do trabalho humano e não a emancipação humana. Por isso a necessidade de recuperação da escola como um lugar de resistência e propagação de conhecimento a favor do desenvolvimento e da dignidade humanos.
A autora é professora/supervisora de estágio de Psicologia Social Comunitária no Departamento de Psicologia da Universidade Estadual Paulista, UNESP-Bauru. Tem especialização em violência doméstica, pela USP-SP, mestrado em Psicologia Social e doutorado em Psicologia da Educação sobre violência nas escolas, ambos pela PUC-SP.
Seus interesses de estudos são: violência de gênero, violência nas escolas e outros fenômenos sociais, considerando a interseccionalidade entre classe social, gênero, raça/etnia. Publicou diversos trabalhos sobre esses temas e organizou um livro sobre o método materialista histórico dialético na Psicologia Social
Concordo com a professora quando diz que são diversas frentes de trabalhos que precisam ser implementados nas políticas educacionais e de seguridade social para assegurar um melhor desenvolvimento da sociedade.
Mas discordo das conclusões sobre a ação da Polícia Militar em apoio às escolas nesse momento ímpar. Deveria ter pesquisado um pouco mais e iria descobrir que, muito poucas ações são desenvolvidas pela PM em atividades punitivas e repressivas, e MUITO MAIS EM AÇÕES PREVENTIVAS. A simples presença dos policiais nas escolas nesse período em que o medo de ataques impera não pretende militarizar a educação, como ela diz…e sim trazer segurança e preservação de vidas!
E sugiro que a professora não utilize termos, expressões ou palavras que não existem na Língua Portuguesa (todes, por exemplo). Afinal, ela é professora e tem a obrigação do uso correto da nossa língua pátria.
Fabiano,boa noite! Grata pelo comentário. No momento de tantas ameaças, sim, é necessário proteção. Em relação ao termo TODES sugestão NÃO aceita. Ela se dirige às pessoas que não se sentem contemplades por: todas/todos. A linguagem é produto das relações sociais e é construída cotidianamente por essas, nesse sentido, ela deve ser inclusiva.