COLUNA CANDEEIRO 25092020 NELSON ITABERÁ

N. 429 Bauru está por decidir os maiores e mais longos contratos de sua história e esta semana tem ao menos 7 temas na mesa. Você vai atuar?

N. 429 Bauru está por decidir os maiores e mais longos contratos de sua história e esta semana tem ao menos 7 temas na mesa. Você vai atuar?

CUSTOS CONCESSÃO

Já anotamos aqui que Bauru está por decidir ações no setor público com repercussão por 25, 30 anos e que envolvem serviços e obras com soma bilionária. E que assusta (sim) seja quem for, inclusive a prefeita, falar em pressa para “bater martelo”. A concessão do esgoto, para concluir 3 ETEs (Estações de Tratamento), com inclusão de drenagem da Nações Unidas (isto sim de última hora) e 1.000 km de rede esgoto, é o projeto de maior valor.

É óbvio que o processo pede, exige, a participação de todos! O CONTRAPONTO segue, aqui, a missão de levantar dados essenciais ao projeto, cuja concessão foi proposta a semana passada em 30 anos. O projeto de lei pede autorização para repassar toda a área de esgoto do DAE para gestão da iniciativa privada. E isso inclui prorrogar por mais 30 anos.

O governo enviou projeto de lei incompleto! O descuido não são só as 29 páginas ilegíveis do projeto.

EVTE

Bauru nunca realizou concessão. Então, o governo de plantão tem de receber como absolutamente normal todas as perguntas possíveis. Conversando com especialistas no setor, ouvimos que o projeto de lei tem de por à mesa o conteúdo integral do Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE). A prefeita Suéllen Rosim também precisa entender que a reunião prévia com um economista e um advogado contratados pela Fipe (a fundação que montou a modelagem do esgoto e drenagem) trouxe apenas dados parciais e, ainda assim, somente dos investimentos (capex) pretendidos.

Sempre com respeito, faltou muita coisa. E cabe ao governo detalhar cada informação, planilha! A seguir, resumimos um esforço de reportagem do CONTRAPONTO para levantar pra você informações econômicas, de receitas e despesas projetadas. Anotamos, em destaque, que o presidente do DAE, Leandro Dias Joaquim, tem dialogado com abertura sobre o processo, mesmo em relação a pontos ainda em aberto.

  

PLANILHAS 

As informações do infográfico foram colhidas junto ao DAE. Sem conhecer as planilhas do Estudo de Viabilidade é impossível avaliar e aprofundar um contrato de 30 anos. Assim, as audiências públicas, por item, setor, serão fundamentais para que a sociedade possa compreender a proposta.

Estamos tratando de receita total prevista de R$ 3,8 bilhões. Esta projeção está baseada no que foi dito pela Fipe na única reunião até aqui: os custos da concessão (esgoto, ETEs e drenagem) serão pagos com 90% da tarifa de esgoto.

Conta simples: baseado no orçamento de R$ 220 milhões do DAE em 2022, isso representa R$ 100 milhões. A troca de todos os hidrômetros a cada 5 anos (para garantir medição e faturamento pleno para o concessionário) representa, em média, 20% a mais de receita. Assim, R$ 120 milhões por ano levam a R$ 3,6 bilhões em 30 anos. Tudo a valores de hoje, claro.

Mesmo sem levar em conta a redução de perdas na rede (porque isso também significa mais dinheiro no caixa), a proposta indicada pela Fipe (e o governo) soma R$ 3,8 bilhões. Isso porque está incluída a transferência do fundo de tratamento de esgoto (FTE) para “pagar” a drenagem da Nações. A valores de hoje isso representa mais R$ 200 milhões. A obra da drenagem seria no sétimo ano da concessão. A da ETE até o terceiro.

CUSTO DE OPERAÇÃO 

Como até aqui o governo apresentou apenas os investimentos (Capex), a concessão de esgoto tem a missão de detalhar a composição do custo de operação e a projeção de retorno para o investimento. Isso sem prejuízo de três outras necessidades:

1 – questionar a Fipe e Prefeitura acerca da viabilidade, e funcionalidade técnica, de engenharia, do que viu (realizado) na ETE Distrito. Qual a avaliação da experiente fundação a partir da vistoria técnica e os processos da obra?

2 – Como a Fipe e o Município chegaram a cada um dos componentes de valores (Capex) e Opex (operação) para o projeto?

3 – quais as premissas que sustentam a proposta de concessão?

Detalhamos valores do investimento (Capex) neste link: Deciframos o custo da concessão do esgoto de R$ 504 milhões. Prefeita assina PL onde pede autorização para serviços serem realizados pelo setor privado por 30 anos – CONTRAPONTO

ATRAIR O MERCADO 

Ouvimos, nos últimos dias, duas opiniões preliminares sobre o que foi divulgado até aqui. 1 – quanto mais o governo demorar (ou não apresentar claramente, em detalhes) as premissas da concessão mais gera apreensão junto a eventuais futuros investidores! 2 – a concessão de água é o “filé” do setor. E Bauru está propondo conceder o esgoto (considerando a parte de muito menor “resultado financeiro” por consultores).

Assim, a princípio, as duas ponderações que ouvimos é que falta muito, muito, para entender as contas e a proposta. E essa apreensão tem outro ingrediente: o governo incluiu como exigência para o contrato que o concessionário terá de construir os piscinões e redes para a drenagem da Nações Unidas.

Na prática, a proposta é de que quem vencer a concessão do esgoto tenha de concluir e fazer funcionar 3 ETEs, trocar 1.000 km de rede de esgoto velhas (de manilha) e, ainda, entregar como “contrapartida” a drenagem (a R$ 467 milhões). Como o custo da operação ainda será apresentado, levantamos (no gráfico acima), os dados iniciais pra avançar com você no debate. Vamos, claro, prosseguir no assunto.

E a contrapartida precisa ser decifrada em relação ao que disseram, de forma simplista, os representantes da FIPE na primeira reunião.

É isso. Apontamos! Naturais diante de tamanha complexidade.

PREMISSAS 

Consultor especializado em concessões e que atua em projetos de porte no País com seus serviços, o advogado Pedro Fiorelli (que está no Codese em Bauru discutindo projetos estratégicos para a cidade) disse ao CONTRAPONTO que saber as ‘premissas’ do projeto de concessão é a chave da análise. Para ver e saber se a concessão fica de pé (pulo de sapo, dizem no meio).

Como apontamos, esta etapa ainda será apresentada pelo governo. Não tem retórica que autorize alguém a pensar, de forma responsável e diante do interesse coletivo, que se aprove autorização para uma concessão sem se saber todos os detalhes. Já dissemos: o EVTE está incompleto! E é essencial para avançar no tema.

Mas vamos seguir com calma, apresentando cenários, e decifrando o conteúdo. Sem pressa, com responsabilidade.

A pergunta primária, até aqui, é se é viável o custo de R$ 2,8 bilhões para receita de R$ 3,8 bilhões, em 30 anos. A diferença paga retorno do investimento?

ABSURDOS DA EMDURB

Está na pauta da sessão do Legislativo desta segunda-feira o projeto de lei que deveria ser o “corta na própria carne” da Emdurb para ajustar suas contas. Mas o que foi apresentado pela prefeita não faz isso.

Pra ser bem direto, o projeto de lei de reestruturação administrativa, na verdade, reduz alguns poucos cargos e, no inverso, cria em lei dezenas de cargos de confiança que hoje só existem sob a forma de ato administrativo na Emdurb.

O vereador Renato Purini, que presidiu a Emdurb no governo Tuga, lembrou, na última sexta-feira, que na ocasião (2005) a empresa municipal já enfrentava crise financeira (e de gestão). Na época foram cortadas chefias, gerências. E criaram, nas últimas gestões (de Rodrigo, Gazzetta) tudo de novo. Pior: além de inúmeros setores terem mais chefe do que subordinados, ainda criaram encarregados!

Purini está como parlamentar nas duas próximas sessões, na vaga da licença de Manoel Losila.

A Emdurb, mesmo com aporte de R$ 20 milhões para amenizar uma parte do enorme calote em dívidas com INSS e outros, mesmo com aumento de contratos (agora convênios) para trânsito, aeroporto (e outros – como coleta) mantém prejuízo mensal de R$ 1 milhão! Falta responsabilidade para instituir governança, gestão! E é irresponsabilidade manter, agora em lei, as dezenas de cargos que a prefeita Suéllen Rosim quer.

CEI DAS CONTRAPARTIDAS

Se você está listando os itens importantes desta semana, de impacto, põe ai a decisão que o Judiciário vai tomar para a abertura obrigatória, ou não, de Comissão de Inquérito (CEI) para apurar contrapartidas de empreendimentos desde 2014.

O mandado de segurança está para definição na Vara da Fazenda Pública.

LAUDO DAS ESCOLAS  

Conforme adiantou o CONTRAPONTO ontem, a divulgação do laudo pericial da Promotoria que confronta o valor avaliado por peritos do próprio Judiciário, de um lado, e da Prefeitura, de outro, é tema certo no debate da segundona. Leia neste link a matéria com todos os dados: Perícia do MP aponta valor menor em R$ 1,5 milhão no confronto com laudos da Prefeitura e do Judiciário para imóvel comprado da ex-escola Damásio – CONTRAPONTO.

Neste domingo, o vereador Eduardo Borgo contava que analisa outros documentos para decidir se aprofunda a discussão através de ação popular. Ele considera necessário que os criérios técnicos contestados pela perita do MP sejam confrontados com o que o engenheiro (os) da prefeita adotou em todas as 16 desapropriações dos imóveis adquiridos pela Secretaria Municipal de Educação, no final de 2021.

CULTURA E ESPORTES 

A frente de temas importantes, alguns factuais, claro, como toda demanda de gestão pública e que interessa a toda cidade, tem outros itens. A Secretaria Municipal de Cultura será convocada pela Comissão do setor, no Legislativo, para apresentar como vai utilizar a grana extra, milionária, da chamada Lei Paulo Gustavo na difusão de ações na cidade.

A consulta pública realizada pelo governo foi rápida. Agora é hora de sentar Conselho, comando da Cultura, agentes e produtores culturais, para debater onde e como utilizar esta verba!

A Secretaria de Esportes, já publicamos, tem o desafio de ajustar o projeto executivo para nova licitação para os equipamentos multiuso atrás da Quinta da Bela Olinda. A empresa que venceu a licitação para a obra de quase R$ 15 milhões quebrou.

E agora foi levantado que o projeto tem falhas também. O tamanho das quadras não cabe para duas modalidades distintas (handebol e futebol de salão, por exemplo) e não tem arquibancada…. etc. etc..!

A vereadora Estela Almagro, de outro lado, levantou em suas redes sociais que o adiamento da primeira rodada do Futebol Amador não foi por causa das chuvas da semana. A contratação da arbitragem ainda não teria sido realizada…. A esclarecer…. !

CONCESSÃO ILUMINAÇÃO

E tem mais projeto de porte. A proposta de concessão da iluminação pública, em 25 anos de contrato, deve ter o projeto de lei apresentado ao Legislativoneos próximos dias. Esta modelagem está mais amadurecida. É uma revisão de dados. É checar e finalizar o debate.

O projeto de IP projeta um valor total de R$ 511 milhões, com despesas a serem custeadas pela Contribuição de Iluminação Pública (CIP), já em vigor e paga pelos bauruenses em sua conta mensal de consumo de energia elétrica da CPFL.

 

Vamos discutir tudo isso? Participe. Esta cidade é de todos!

Até a próxima. Compartilhe o link do CONTRAPONTO para seus amigos. Eles vão receber jornalismo de reflexão, conteúdo, pesquisa, de graça, inclusive no wattsapp.

Acesse nossa comunidade! https://chat.whatsapp.com/FmlyDHrtZEeHEgSDJKX3eL

 

4 comentários em “N. 429 Bauru está por decidir os maiores e mais longos contratos de sua história e esta semana tem ao menos 7 temas na mesa. Você vai atuar?”

  1. RAFAEL SANTANA DE LIMA

    SOMENTE UM JORNALISTA QUE CONHECE BAURU PROFUNDAMENTE EM TODOS OS SEUS FUNDAMENTOS PODERIA FAZER UM ESTUDO OU LEVANTAMENTO TÃO COMPLETO E SUBSTANCIOSO…CONTRAPONTO TEM SIDO O QUE DE MELHOR ACONTECEU EM BAURU DESDE SUA IMPLANTAÇÃO.
    BAURUENSE, QUANDO LER AS MATÉRIAS, O FAÇA COM MUITA ATENÇÃO, POIS ESSE ESPAÇO NÃO JOGA UMA VÍRGULA SEQUER SEM CONTEÚDO. PARABÉNS NELSON ITABERÁ, BAURU TEM SORTE DE TER VOCÊ.

  2. Coaracy Antonio Domingues

    Amigo Nelson, no grupo de WhatsApp “Comissão de servidores”, o servidor do DAE-BAURU, Humberto, da área de TI, informou que não houve pedido formalizado de dados do DAE-BAURU, pela FIPE.
    As perguntas que não querem calar: Que dados FORAM FORNECIDOS à FIPE, e, quem FORNECEU os DADOS ?
    Quem FORNECEU os DADOS, cometeu ILEGALIDADE, uma vez que não houve solicitação à área de TI, na forma da LEI ?
    O Humberto é profissional de carreira, sério e respeitado no DAE-BAURU.
    Aí tem de TUDO, MENOS interesse público…

  3. Bauru está ainda gatinhado nós projetos para cidade,eu sei que tem que analisar para não ter problemas futuro,as cidades do porte de Bauru são mais rápidas nas decisões e estamos ficando para trás em tudo, ex plano recuperação dos distritos industriais,plano diretor…, obrigado

  4. Paulo Eduardo de Souza

    Parabéns Nelson, excelente conteúdo. Um Instituto de Planejamento teria previsto e proposto soluções a estes e outros gargalos crônicos, ainda não colocados em discussão, que têm por muito tempo emperrado o desenvolvimento de Bauru.

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