TARCISIO
Políticos de todos os cantos do País engrossaram suas agendas de “governo” desta quinta-feira e sexta-feira para inaugurações e “festejos políticos”. A partir dai, a lei eleitoral veda participação em inaugurações de candidatos, etc e etc. No Estado de São Paulo não foi diferente. O governador Tarcísio de Freitas está em peregrinação pelo Interior, inaugurando o que pode. Prefeitos (as) também fazem o mesmo.
Na correria, Suéllen Rosim, por exemplo, “reinaugurou” hoje uma escola que já funciona há cerca de 1 ano. Um político, questionado por um munícipe do festejo no bairro, respondeu: “Estamos inaugurando a mudança do nome da escola”. Bom, nem precisa dizer mais nada…
DERRITE
Aliás, outra do bastidor. Tarcísio veio para agendas em Bauru, Lins, Lençóis porque, assim, não teria como participar de cerimônia (também com cor de campanha antecipada nos municípios) com presença do presidente Lula no Interior (ele entregou um ‘monte’ de ambulâncias para prefeitos…).
Mas o clima, e as circunstâncias, não foram como o governador pretendia. Em Lençóis, no único encontro rápido com jornalistas, Tarcísio foi questionado: “Governador sobre o inquérito 42 no DEIC de Araçatuba sobre uma série de situações envolvendo pesquisa ilegal por policial no sistema Detecta de jornalista (Nélson Itaberá), o que está havendo? A Polícia Civil já deu sinais para arquivar, o Ministério Público concordou. Como o senhor está vendo o uso do Detecta para essa situação?”
Tarcísio de Freitas deu resposta esperada, formal: “Nós vamos acompanhar. Porque nós vamos punir. Aquele policial civil que agiu fora das regras tem de ser punido. Tem de haver severidade nisso. E a gente vai acompanhar. Tenho aqui de defender o trabalho rigoroso que policiais vêm fazendo no combate ao crime. Mas se algum agente agiu fora das regras, tem de ser punido”…
A assessoria do governador certamente levantou que o caso hacker e o envolvimento de policiais civis de Araçatuba com ele é “frigideira quente” nas mãos do secretário estadual de Segurança Pública, Derrite (ex-policial)… A questão é que está arquivado o inquérito da Corregedoria em Araçatuba – que apontou, comprovou o uso ilegal do sistema de Segurança até com laudo, por policial, ação dentro do DEIC (como revelamos com documentos na manchete do site hoje)…
O HACKER
Entre 11 horas e 14 horas (quando Tarcísio chegou em Bauru para inaugurar trechos da marginal da Rondon), o hacker Patrick César Brito entrou ao vivo, da Sérvia, na Rádio Auri Verde. E ficou 1 hora no ar. Confirmou todas as informações reveladas com exclusividade pelo CONTRAPONTO (de pagamentos a ele de mais de R$ 162 mil para também espionar 10 políticos de Bauru – inclusive Orlando Dias, o vice-prefeito de Suéllen)…
O criminoso apelou ao governador para que o secretário de Segurança do Estado, Derrite, resolvesse problemas, defeitos e pendências nas apurações. Elas se arrastam sem justificativa desde 2022… Na verdade, dependendo do caso, desde 2021, a Polícia e o Estado, além do MP de Araçatuba, acompanham laudos, depoimentos e acusações de promiscuidade entre alguns policiais (do DEIC) e o hacker criminoso “queimando” nas mãos…
As vítimas, além da sociedade, figuram como novos órfãos desse imbróglio…
SEM ENTREVISTA
O governador e todo o aparato de assessores e segurança vieram a Bauru. Houve discurso com elogios rasgados entre Tarcísio e Suéllen. Mas Tarcísio não deu entrevistas… Saiu do palanque e foi direto para Lins…
A “inauguração” foi das marginais, construídas pela Concessionária Via Rondon em Bauru sem quatro viadutos (dois no Parque Vista Alegre e dois eliminados sobre a av. Nuno de Assis) e sem pista (sim sem marginal) em um longo trecho do lado do Jd. Araruna…. As trocas por alças e outras mudanças ficaram muito mais “baratas” para a concessionária…
SENADOR HACKEADO
O caso hacker, por sinal, só nesta noite (quinta-feira), pasmem, chega aos conhecimento do agora senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão. Em sessão do Senado, ele recebeu material revelando o caso e as reportagens do CONTRAPONTO das mãos do senador Girão. O vereador Eduardo Borgo é quem passou os dados para Girão…
DELAÇÃO
O hacker Patrick Brito quer ser ouvido pela Polícia Federal em São Paulo. E repetiu, em uma hora de programa ao vivo, que está pronto para fazer delação! Ele também aponta algo preocupante: “Por que a Polícia Civil não incluiu no inquérito (42) os documentos que identificam a origem dos pagamentos das aplicações financeiras (CDB e RDB) pelos serviços que ele confessa de espionagem?”.
Como revelamos, com detalhes em documento, extratos identificam mais de R$ 1,2 milhão em dinheiro manipulados por Patrick (em contas dele e de sua mãe e avó), no período de arapongagem… Ele está na Sérvia desde março de 2021. Somente para os serviços de Bauru, ele assume que recebeu mais de R$ 162 mil. E aponta para o cunhado da prefeita e tesoureiro do partido de Suéllen, Walmir Vitorelli Braga.
“Por que até agora não foi pedida a quebra do sigilo bancário de Walmir? Porque o celular dele e até da Suéllen não foram apreendidos para levantar, apurar, informações? Por que até agora a Polícia Federal não me ouviu em SP?“…, disparou o hacker na rádio.
EFEITOS COLATERAIS
O “deboche” da prefeita (recente) em relação ao caso hacker e a espionagem de jornalista (profissão que ela exercia) têm consequências. Ela é presidente municipal do PSD. E seu cunhado é o tesoureiro do partido! Além disso, há ‘repercussão entre pessoas de bem em relação ao aspecto moral (e religioso) sobre a posição de Suéllen. Se não em relação à prefeita, inevitavelmente em relação à política, religiosa, cidadã…
De outro lado, a espionagem de integrantes do próprio governo (além do vice-prefeito, o ex-líder da prefeita Marcelo Afonso e o vereador da base, Manoel Losila…) traz inevitáveis consequências. E na entrada do período eleitoral, quando ânimos e posicionamentos políticos esquentam…
Há bem mais do que desconforto entre aliados e integrantes do governo Suéllen com o episódio. Um pouco pior a situação de Orlando Costa Dias. Vice e candidato na chapa com a prefeita: vai permanecer em “silêncio” sobre o serviço sujo pago ao hacker para bisbilhota-lo? …
CEI EM AGUDOS
O promotor Guilherme Sevilla se manifestou não somente pela abertura de Comissão de Inquérito para apuração do uso do financiamento de R$ 20 milhões pela gestão Fernando Octaviani, em Agudos, como destacou que o tio do prefeito, Auro Octaviani (presidente da Câmara) tem de deixar a função para o ato de formação da CEI, em sessão plenária.
A instalação da CEI é fato jurídico líquido e certo. Direito. O promotor lembra que, além de “passar por cima” dessa regra, o tio do prefeito rasgou o requerimento durante sessão… Em outra representação, Auro passa a responder pelo ato, sob apuração de falta de decoro no exercício do cargo…
DECISÃO DO JUDICIÁRIO
O juiz da Capital, Randolfo Ferraz de Campos julgou procedente a ação que andou pela 14ª Vara da Fazenda para confirmar a matrícula e o ingresso na USP do jovem Glauco Dalalio do Livramento, no curso de Direito. Ele havia sido impugnado por se inscrever com autodeclaração de pardo. Para a banca examinadora, ele não se enquadraria… A avaliação foi por videochamada.
Na decisão, a questão de questionamento sobre a tonalidade de pele e formatos (fenótipo) de nariz, boca não são razões suficientes para afastar o direito de matrícula.