A chefe do Executivo e também jornalista Suéllen Rosim usa da tática de “desvio de foco” para dizer, através de nota à imprensa distribuída somente hoje, que não sabe nada sobre a confissão de espionagem ilegal realizada pelo hacker Patrick Brito que teria sido encomendada pelo próprio cunhado da prefeita, Walmir Vitorelli Braga, em 2021.
Em sua nota, Suéllen também ameaça processar quem fizer vinculação do caso a ela. Traz a resposta oficial: “A prefeita Suellen Rosim informa que nunca teve conhecimento das supostas atividades que foram divulgadas na acusação levantada na última sessão da Câmara Municipal.”.
A prefeita acrescenta que “nunca se envolveu em atos de espionagem e que não tem ciência de nenhuma investigação ou acusação dessa natureza envolvendo a sua pessoa”. A prefeita faz o que a comunicação chama de “tergiversar”, desviar do tema. A denúncia divulgada pelo vereador Eduardo Borgo não é contra ela, mas seu cunhado. Walmir Vitorelli está sendo acusado em inquérito policial pelo hacker Patrick Brito. Este diz, formalmente à Polícia de Araçatuba, que fez serviço sujo de espionagem à vida pessoal do jornalista Nélson Itaberá, afirmando ter sido contratado por Walmir, casado com a irmã da prefeita. O criminoso também confessa recebimento por isso e diz que o contato com Walmir foi através de telefone registrado na ocasião em nome do PSC, partido que foi para as mãos da família Rosim naquele momento.
A nota da prefeita desvia o foco e ameaça: “Medidas judiciais serão adotadas diante de qualquer insinuação que ligue a mesma a esses fatos.”
A resposta da prefeita de que nunca soube sobre suposta espionagem contra o jornalista põe em desconforto o chefe de Gabinete, Rafael Lima. Ainda antes da revelação do caso na sessão de segunda-feira, o chefe de Gabinete da prefeita foi contatado pela reportagem sobre o caso do hacker. Ele enviou ao CONTRAPONTO matéria da Revista Piauí descrevendo o confronto do araponga com policiais e a prisão na Sérvia, onde ainda permanece.
Na verdade, a prefeita foi acionada para se manifestar sobre denúncia de espionagem contra seu cunhado, assessor hoje do PSD e integrante do grupo político e partido de Suéllen. Walmir é hoje assessor parlamentar do deputado estadual Paulo Correa Jr. Ela nada respondeu a respeito.
SINDICATO E FEDERAÇÃO DOS JORNALISTAS REAGEM
Em nota distribuída da Capital, o comando do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, junto com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), reagiram a notícia de confissão de espionagem da vida pessoal do jornalista. Para as entidades, as instituições têm de dar rápida resposta “à tentativa de cala-boca” a Nelson Itaberá.
“O Sindicato e a Fenaj expressam toda solidariedade ao profissional, e intensificam o combate a todo tipo de violência contra jornalistas, inclusive assédio moral e ameaças, priorizando a garantia do pleno exercício da atividade do trabalhador e da trabalhadora jornalista, a liberdade de imprensa e o direito à informação.
O Sindicato acompanha os desdobramentos deste ataque, concedendo todo apoio institucional a Nelson Gonçalves (Itaberá)”, traz a nota conjunta.
Bauruenses, representantes de entidades civis e empresariais, veículos de imprensa e partidos políticos enviaram manifestação de repúdio e ataque à atividade profissional.
Todo apoio contra estas ameaças de cala boca.
Em tradução literal: quem tem…tem medo!
A agressividade com que a palaciana, sempre, apresenta suas defesas é claramente uma estratégia de desviar o foco dos fatos.
Minha solidariedade ao jornalista Nelson Itaberá.
Prefeita bolsonarista. Colaborou com o genocídio perpetrado por seus aliados. Abrir igrejas em meio à pandemia, faz parte do que há de pior na política hoje. Que haja justiça contra essa gente. Os piores são aqueles que se fazem de santos e superiores.