Araponga: sessão traz denúncia de contratação de hacker para espionar jornalista Nélson Itaberá

Hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba, afirma em dossiê de inquérito policial que foi contratado para espionar o jornalista Nelson Itaberá

Inquérito policial em andamento em Araçatuba traz dossiê de espionagem onde o hacker Patrick César da Silva Brito afirma que teria sido contratado por um policial civil para, através do cunhado da prefeita Suéllen Rosim, Walmir, espionar e levantar a vida pessoal do jornalista Nelson Itaberá, editor e proprietário deste site. A revelação do relatório e ação de arapongagem foi denunciada em sessão legislativa, nesta tarde de 23.10.2023, pelo vereador Eduardo Borgo. Antes de sua fala, ele informou o site CONTRAPONTO de que recebeu dossiê e material de ação judicial que envolve denúncia de espionagem onde o hacker é o personagem de confronto com o comando da Polícia Civil de Araçatuba, em outro processo. Em relatório, já nas mãos da polícia, o hacker confirma o conteúdo exposto por Borgo. A denúncia de serviço sujo também tem como vítima a vereadora Estela Almagro, que segundo o hacker teria derrubado a página da parlamentar no Facebook.

O inquérito policial tramita em segredo de justiça e envolve denúncias entre profissionais da segurança pública do Estado de São Paulo e o hacker que, segundo ele, teria prestado vários serviços de espionagem nos últimos anos. O caso mais emblemático, de repercussão nacional, envolve denúncia levantada em relação ao agora ministro do governo Lula, Márcio França, na ocasião governador paulista que disputou a eleição contra Joao Doria (foi derrotado no segundo turno). O caso envolve a Operação Raio X, que levantou denúncias a respeito de contratos com OSs de saúde. Neste processo, com extenso relatório, o hacker descreve o serviço de espionagem contra o jornalista de Bauru (editor deste site), conforme revelado pelo vereador Borgo na sessão desta tarde.

O advogado do hacker, Daniel Madeira, confirmou hoje ao CONTRAPONTO que a denúncia de espionagem foi formalizada por Patrick em inquérito policial. Ele não deu detalhes em razão do sigilo do caso. A apuração é sobre o suposto envolvimento de policiais na contratação dos serviços ilegais do hacker. O vereador Eduardo Borgo contatou o CONTRAPONTO para contar o que recebeu. Ele nao revelou a fonte.

ARAPONGA

Hacker Patrick Brito em foto de matéria na revista Piaui sobre espionagem e confronto com Polícia (reprodução)

 

Conforme a denúncia trazida a público na sessão desta segunda, o hacker Patrick Brito, estudante de Araçatuba, prestou inúmeros serviços ilegais de espionagem envolvendo o meio político. No relatório que integra inquérito policial, confirmado pelo advogado do araponga, é descrito que o cunhado da prefeita Suellen Rosim, Walmir Henrique Vitorelli Braga, teria o contratado, através de  policial civil de nome Pimenta, para levantar a vida pessoal do jornalista Nelson Itaberá para alcançar “algo que o desabonasse”.

Segundo o relatório e a denúncia trazida agora por Borgo, o hacker afirma que, após vasculhar arquivos, email e outros meios de forma ilegal, nada encontrou de ruim que pudesse ser usado sobre o jornalista. Esse tipo de serviço sujo é realizado para servir de ferramenta para denegrir a imagem de pessoas. O hacker informa, no relatório, que a intermediação teria sido feita através do policial Pimenta, cujo pai é padrasto de Walmir (este casado com a irmã da prefeita Suéllen).

De acordo com a denúncia, o hacker fez o serviço sujo, ilegal, a pedido de Walmir. Ele diz que recebeu por isso e entregou cópias de recibos de recebimento de transação em dólar que, segundo ele, teriam sido feitos em dois pagamentos por Walmir. O hacker já estava fora do País neste momento. Ele descreve que, na ocasião do serviço sujo, estava foragido por suposta perseguição a ele e sua família por integrantes da Policia Civil de Araçatuba, em razão de consequências da Operação Raio X e sua susposta proximidade com policiais de Araçatuba.

Conforme a denúncia, o hacker conta que Walmir pediu o serviço contra o jornalista porque a prefeita estaria incomodada com reportagens do site CONTRAPONTO.digital. Na época, as reportagens foram no ambiente da apuração dos contratos de serviços de saúde. O material aponta que a vereadora Estela Almagro estava a frente das apurações mais contundentes sobre contratos na saúde, o que desagradou o governo municipal na cobertura incisiva do jornalista Nelson Itaberá.

Apuramos que a vereadora Estela Almagro, na época, teve seu site derrubado. Segundo o hacker esta ação foi feita também por ele. Também apuramos que o hacker encaminhou  os conteúdos dos contatos com o cunhado da prefeita e comprovações da invasão em páginas e acessos a dados pessoais do jornalista, material que integra o serviço sujo, segundo o araponga.

O editor do site CONTRAPONTO informa que tomará providências quanto ao revelado na sessão legislativa e, diante da confirmação do conteúdo da denúncia pelo próprio hacker, vai se habilitar oficialmente no inquérito policial para as medidas cabíveis. Nelson Itaberá está em férias, mas contatou o chefe de Gabinete da prefeita, Rafael Lima, e a assessoria da prefeita sobre o assunto para pronunciamento.

No final da tarde, a assessoria disse que Suéllen não ia se manifestar: “A Prefeitura de Bauru informa que não vai se manifestar, uma vez que não possui relação institucional com a situação”, traz a nota.

Ainda não conseguimos contato com o cunhado da prefeita, Walmir, e o policial Pimenta, citados no material revelado na sessão legislativa e pelo hacker no relatório confirmado em inquérito policial em andamento em Araçatuba.

O hacker Patrick Brito foi preso, por decisão judicial, há poucos meses, na Sérvia, onde estava foragido em razão do caso envolvendo denúncia de supostos serviços sujos que teria realizado para integrantes da Polícia Civil de Araçatuba, incluindo o caso relativo ao ex-governador Márcio França. Conforme o advogado do hacker, Daniel Madeira, Patrick ainda não foi extraditado da prisão na Sérvia para o Brasil.

 

Mais uma vez na carreira, me vejo na obrigação de fazer matéria como vítima de ataque a  atividade profissional de jornalista

 

8 comentários em “Araponga: sessão traz denúncia de contratação de hacker para espionar jornalista Nélson Itaberá”

  1. Coaracy Antonio Domingues

    Bauru, “cidade dos espantos…”, disse o poeta Rodrigues de Abreu !
    NADA MAIS me espanta nessa cidade !
    Me solidarizo com o amigo, e, como diria o Jornalista Célio Gonçalves: “OREMOS !”

  2. O Itaberá já padeceu bastante, nos anos recentes, por insistir tanto em ser bom jornalista em Bauru.
    Ser agora raqueado por Suéllen Rosim, pelas conhecidas mãos sujas do Vitorelli, só comprova que a grande luta, continua …
    Ou, não?

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