ChatGPT: eu sei que você quer falar sobre isso!

Por Gustavo Candido

Lembra quando todo mundo só falava em metaverso e como essa tecnologia (que nem era tão novidade assim) ia mudar os negócios, etc., etc. Falou-se tanto sobre isso que cansou. O metaverso segue sendo uma tendência, mas – para muuuuuitos negócios – é uma preocupação que deve estar lá na frente.
Pois bem, a bola da vez agora é o ChatGPT, ferramenta criada pela OpenAI que usa a inteligência artificial para produzir, praticamente, qualquer tipo de conteúdo de texto. Desde que foi apresentado o ChatGPT já foi chamado “de novo Google” (não é), de “matador de empregos” (rs) e toda semana surge alguma polêmica envolvendo a ferramenta. Eu mesmo já escrevi sobre ela e a IA há um mês. (veja em artigos).
Um fato que precisa ser assimilado rapidamente é que o ChatGPT não é uma moda. Trata-se de uma ferramenta super moderna, poderosa que precisa ser entendida e utilizada com sabedoria. Em resumo, é realmente algo que vai mudar a produção de informação.
É claro que toda essa “maravilha” vem com problemas que precisam ser resolvidos. Ontem mesmo vi na Globo News, no programa Diálogos, uma entrevista do jornalista Mario Sergio Conti com Glauco Arbix, sociólogo e professor da USP, especialista em inovação, sobre o ChatGPT e a educação e como a inteligência artificial pode prejudicar alunos e – de um modo geral – a pesquisa científica.
Curiosamente, anteontem, o criador da ferramenta, Greg Brockman, foi a principal atração do South by Southwest (SxSW), um festival de tecnologia, entretenimento e cultura realizado em Austin, nos Estados Unidos e que a cada ano ganha mais relevância. Ele foi entrevistado pela jornalista Laurie Segall, que se especializou em tecnologia trabalhando para a CNN e hoje é CEO da Dot (a entrevista pode ser conferida no link: https://schedule.sxsw.com/2023/events/PP1143551

Para Brockman, acima de qualquer coisa, o ChatGPT é um instrumento com potencial para amplificar as habilidades humanas. No que ele está certíssimo. Veja a seguir alguns pontos interessantes da entrevista:
Com a palavra, o criador
Segall perguntou sobre o fato de a ferramenta não citar as fontes das informações. Brockman respondeu:

As pessoas precisam entender que não é porque o ChatGPT falou que isso será verdade. Não funciona assim para os humanos e não haveria de funcionar assim para as inteligências artificiais”.
Ele explicou que a inteligência artificial analisa uma grande quantidade de informação para criar a sua resposta e isso torna o crédito da fonte muito complexo. E aí entra a questão da propriedade intelectual, para a qual o criador do ChatGPT não teve resposta.
“Estamos prestando muita atenção aos legisladores. E acho que esta é uma conversa muito importante que teremos de ter em breve. Nossa empresa pretende fornecer toda a informação necessária para mostrar o que é possível ser feito e como deve ser conduzida a conversa sobre estes tópicos”, disse.
Na minha opinião, ele praticamente disse que enquanto a leis não apertarem o desenvolvimento seguirá sem se importar muito com isso. No entanto, ele também afirmou que pretende deixar a ferramenta mais confiável.
“Neste momento, muito além do desafio da tecnologia, em si, temos uma equipe inteira dedicada a tornar o ChatGPT mais confiável. Assumimos, inclusive, que há muito a ser melhorado, como retirar os vieses do chatbot e a possibilidade de descentralizar cada vez mais nossa IA para que ela seja amparada em todo um ecossistema ancorado principalmente na comunidade”, explicou.

Segall também perguntou sobre o ChatGPT como ameaça aos empregos. Ele respondeu:
Imagino que vamos em direção de sistemas que irão nos tornar muito mais ‘gerentes’, que vão preparar os ‘esqueletos’, que pulem as checagens nos dicionários. Com o chat, você pode ser mais ambicioso. ‘Eu quero que o software fique assim’, e o sistema prepara o básico, compila e testa”, disse.
“Todo negócio é um negócio de linguagem”
Como já coloquei aqui, concordo com Brockman. Quando uma nova ferramenta tão poderosa surge o que ela diz para nós, humanos, é: a partir daqui eu assumo essa tarefa, você está livre para procurar e desenvolver coisas que eu não posso fazer.
Quando perguntado por Segall sobre exemplos de uso da ferramenta que geraram surpresa, Brockman citou como pessoas que não são falantes nativos de inglês têm usado o ChatGPT para melhor a sua escrita na língua. “Para mim foi interessante notar como as pessoas usaram (a ferramenta) como um auxílio cognitivo para pensar de forma mais clara e se comunicar com os outros”, afirmou.
Ao falar sobre o sucesso e a aceitação do aplicativo, uma frase de Brockman que me chamou atenção: “todo negócio é um negócio de linguagem”. Parece uma afirmação boba, mas ela lembra como o ChatGPT usa a inteligência artificial para melhorar a forma como as pessoas se comunicam e se conectam. E isso pode ser explorado por todo tipo de empresa.
Lembre-se, porém, que a responsabilidade sobre o uso consciente da ferramenta segue sendo sua.

 


O autor é consultor de marketing digital, fundador da Conten Comunicação Digital. Também é jornalista e autor de livros sobre Trade Marketing, Atendimento e Multicanalidade e Gestão de Marcas.
Instagram/Facebook: @gucandido; LinkedIn: gustavo-candido

 

1 comentário em “ChatGPT: eu sei que você quer falar sobre isso!”

  1. Assustada..Como conseguir se aprimorar em tempo recorde nao pra superar mas, para estar atualizada de conhecimentos pra fazer o que a maquina nao faz?
    Ansiedade a vista!

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