Threads: o que esperar da nova rede social de Mark Zuckerberg?

Por Gustavo Cândido

Lançado na última quarta-feira, dia 5, o Threads, nova rede social da Meta, foi um dos assuntos da semana. Duas horas após sua apresentação, o aplicativo já tinha sido baixado por dois milhões de pessoas, comemorou no dia Mark Zuckerberg, CEO da empresa, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Hoje, domingo, o Threads já conta com 100 milhões de usuários no mundo todo e a rede nem foi lançada na União Europeia ainda!
Mas por que tanto barulho por uma rede que não tem nada de original em suas funções e até já havia sido lançada? A resposta está no seu concorrente direto, o Twitter.
O Threads voltou ao mercado para bater de frente com o microblog que hoje pertence ao empresário Elon Musk e só esse fato foi o suficiente para transformar o lançamento em um evento. Em 2019, a ferramenta foi criada para combater o Snapchat, mas não teve adesão dos usuários e foi desativada em 2021. O inimigo agora é outro!

E o que isso muda na sua vida? Se você usa ou gosta do Twitter, o Threads pode ser uma nova plataforma para você se divertir (ou passar raiva), se não usa ou não gosta, não vai fazer diferença alguma. Quem me acompanha aqui já sabe que eu não defendo a presença em todas as redes sociais. Elas não fazem sentido para todos. É preciso direcionar atenção e esforços para aquelas que são realmente úteis e trazem algo de bom para você ou para os negócios.
Para as empresas que estão no Twitter e têm ali um canal de comunicação com os clientes e o mercado, por exemplo, vale a pena estar na nova rede social com o mesmo objetivo, afinal, tem cada dia mais gente lá.
Qual a diferença para o Twitter?
Basicamente, as duas plataformas são microblogs, o Threads permite a publicação de posts de até 500 caracteres, fotos e vídeos. A primeira grande diferença está no acesso. Para “entrar” no Threads você precisa ter uma conta no Instagram. Ele está diretamente vinculado ao perfil desta rede, como se fosse uma de suas funcionalidades e – uma vez criado – não pode ser apagado sem levar junto a conta principal.
A conexão obrigatória com o Instagram levantou suspeitas quanto à forma como lida com os dados dos usuários. Na sexta-feira, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou que iniciou estudos sobre o tratamento de dados pessoais, principalmente de informações sensíveis, praticado pela rede.
Outra diferença do Threads é apresentar uma única timeline, não cronológica, que exibe as publicações das pessoas que você segue e também aquelas que estão fazendo sucesso no momento. No Twitter, são duas timelines diferentes, uma que traz os posts mais recentes dos perfis que você acompanha e outra com conteúdos escolhidos pelo algoritmo de acordo com a sua interação na rede social.
O Threads também não utiliza hashtags, não permite a busca de assuntos e nem possui um “trending topics” como o Twitter. Pelo menos por enquanto.
O Threads vai superar o Twitter?
Não dá para dizer com certeza, mas é uma possibilidade real e a chave para o sucesso, na minha opinião, está nas mãos da Meta. Se a empresa de Mark Zuckerberg acelerar a inclusão de funções similares à do Twitter, principalmente o “trending topics”, o Twitter corre sério risco de perder a relevância.
Segundo o site bankmycell.com, hoje a rede de Elon Musk possui 353 milhões de usuários no mundo (330 milhões de contas ativas mensalmente), 3,93% menos do que tinha em 2022. A expectativa é de que a queda continue e que, no ano que vem, o Twitter tenha 335 milhões. Ou seja, o Threads chegou justamente em um momento no qual a rede do passarinho perde adeptos.
A Meta já superou concorrentes antes. Em 2016, depois de não conseguir comprar o Snapchat, a empresa lançou o Instagram Stories (depois replicado no Facebook) e, praticamente, enterrou as chances de crescimento da rede, que existe até hoje, mas sem a relevância do seu começo.
Em 2020, foi a vez do Clubhouse, rede que oferecia salas de bate-papos em áudio, aparecer como nova febre e logo ser superada pela Meta, pelo próprio Twitter e pelo Reddit, que lançaram funções semelhantes. O seu erro foi a demora em lançar uma versão para Android e também em apresentar um método de monetização para os produtores de conteúdo.
O universo das redes sociais abertas exige ações rápidas. Ou a plataforma é útil e mostra logo a que veio, ou morre, seja pelo desprezo dos usuários ou pela ação dos concorrentes mais estruturados.

Uma opinião pessoal

Estou no Threads desde quarta e gostei da sua volta ao mercado. Há anos, para mim, o Twitter se tornou uma rede nociva, o paraíso da lacração e das fake news sem controle algum, onde estou apenas como observador. A rede ainda tem relevância porque seu grande número de usuários aponta algumas tendências e porque serve para que as organizações maduras em sua atuação no digital conversem com seus clientes.
Existe uma suposta briga alardeada nas últimas semanas entre Musk e Zuckerberg que agora teria se acirrado com o lançamento do Threads, mas é besteira entrar nessa seara. Não existe “mocinho”, nem lado certo nessa história.
Eu espero que a nova rede social seja um ambiente mais saudável que o Twitter e, para isso, os usuários também precisam fazer sua parte. Como eu sempre digo: algoritmos existem e fazem o seu papel, mas eles não obrigam ninguém a apertar um botão, clicar em um link ou escrever um texto ofensivo. Já passou da hora de parar de culpar a tecnologia pelas falhas humanas!

O autor é consultor de marketing digital, fundador da Conten Comunicação Digital. Jornalista de formação, é autor de livros sobre Trade Marketing, Atendimento e Multicanalidade e Gestão de Marcas que você pode encontrar na Amazon.
Instagram/Threads: @gucandido

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