Homicídios de jovens “disparam” em 2023 em Bauru. E trânsito tem queda acentuada de vítimas fatais

Ainda que seja para advertir, avalie: revólver mata mais jovens do que motos em Bauru em 2023. Por quê?

Os dados oficiais de mortes de jovens em Bauru são alarmantes, no trânsito ou por registro de homicídio. Independentemente da análise, é ainda pior o destaque por tipo de ocorrência, ou causa: o trânsito bauruense vitimou 20 pessoas, sendo 7 com idade entre 18 e 30 anos em 2023. Os homicídios chegaram a 30, sendo 8 registros de confrontos de jovens com a Polícia Militar. LEIA abaixo dados de mortes no trânsito.

Assim, na “letra fria” dos números, se o trânsito urbano (sem contar acidentes fatais em rodovias que circundam a cidade) matou 7 jovens, do total de casos, o uso de motos esteve relacionado a 9 vítimas fatais no ano passado.

Assim, inevitavelmente, temos sob avaliação que os confrontos armados entre policiais e jovens, alguns deles menores de idade, tiveram praticamente o mesmo número de óbitos sob duas rodas em 2023.

Chama igualmente a atenção que ainda não esteja sob discussão e reflexão (madura: sociológica, de segurança, criminalidade, miséria e violência) na sociedade local a realidade da mortandade urbana juvenil que se apresenta nas estatísticas, sobretudo concentrada na periferia.

A Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru investiga que parte dos homicídios de jovens, nas bordas da cidade, também tem como elemento a disputa por território do comércio das drogas. Este perfil é fato, aqui e em todos os outros municípios que funcionam como centros regionais! Em dezembro, por exemplo, quando o CONTRAPONTO já havia lançado a Série de levantamento sobre morte de jovens na periferia, um registro trouxe a localização do corpo de mais um jovem, encontrado em um buraco nas imediações da Avenida Daniel Pacífico, com 5 tiros na cabeça. A ocorrência é do dia 12 de dezembro de 2023.

O delegado Cledson Nascimento relata, em investigações já concluídas e outras em curso, casos de tráfico de drogas, e tanto o confronto entre integrantes de grupos rivais do crime quanto em razão da atuação de policiais, em abordagem. Em outras ocorrências, descrições oficiais descrevem “cobrança de pedágio” por jovens, como  um de 19 anos morto em atuação do BAEP no Parque das Nações, em 27 de dezembro passado.

Em suma, o CONTRAPONTO chama a atenção para a escalada de mortes de jovens, ressaltando (com base nos registros das autoridades policiais – ainda sem o contraditório do inquérito policial – em andamento) que a maior parte das estatísticas tem como descrição ou o envolvimento com tráfico e comércio de drogas, ou confronto com policiais militares. O uso, posse, de armas por jovens pede políticas públicas!

Além disso, demonstramos em levantamento caso a caso relacionado a homicídios, na primeira matéria da Série ( leia aqui: Bauru bang bang) sobre a violência urbana, que a concentração se dá na região Noroeste, principalmente em bairros como Santa Edwirges, Fortunato Rocha Lima e entorno.

Em tempo: a taxa de homicídios medida por 100 mil habitantes em Bauru está em queda nos últimos 10 anos.

Foi 8,64 em 2012 e ficou em 5,77 até novembro de 2023 segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Em 2022 o índice foi 5,42.

Separado das estatísticas gerais, a morte de jovens se agrava.

MORTES NO TRÂNSITO TÊM QUEDA ACENTUADA EM 2023

 

O trânsito urbano em Bauru continua recebendo aumento da frota (veja gráfico abaixo), mas com queda acentuada de vítimas fatais em 2023. Foram 20 no total. Em 2022 as ruas e avenidas foram “palco” de 33 óbitos.

A redução de óbitos veio acompanhada da queda de casos onde esteve presente como fator o uso de moto. 9 casos envolveram o uso de duas rodas no ano passado, contra 15 em 2022. Por consequência, a mobilidade urbana em Bauru teve 7 atropelamentos em 2023, contra 15 no comparativo.

Assim, os dados oficiais divulgados pela Polícia Militar e monitorados pelo Departamento de Trânsito da Emdurb registram redução de mais de 50% das vítimas fatais atropeladas nas vias bauruenses. Entre as mortes com a presença de moto, infelizmente, persiste a presença maciça de jovens. Quase todos durante o exercício do trabalho, a maioria, aliás, do ramo de transporte (delivery).

Contudo, um terço das mortes em 2023 (e também 2022) foi de pessoas com mais de 60 anos. Outros cerca de 30% envolveram jovens.

Ou seja, preocupa o índice de atropelamentos de um lado e a perspectiva de envelhecimento da população e, de outro, a relação entre vítimas-jovens e uso de motos.

Quer observar mais dados sobre as estatísticas de trânsito em Bauru? Seguem gráficos. A Série Violência Urbana em Bauru prossegue, logo mais com o terceiro capítulo.

 

 

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