Caso hacker: policial de Araçatuba usa sistema do DEIC para violar sigilo do jornalista Nélson Itaberá

 

Caso hacker (reportagem PARTE 2): todas as informações confessadas pelo hacker Patrick César da Silva Brito estão sendo confirmadas em relação a devassa criminosa em minha vida pessoal, jornalista Nélson Itaberá. O escrivão de polícia em Araçatuba (SP), Felipe Pimenta Garcia, responde por violação do sigilo profissional por acesso ao sistema de varredura de informações pessoais da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Estado de SP. Apuramos que Pimenta utilizou seu computador de trabalho para pesquisar dados sobre este jornalista, especificamente nos dias 13, 14 e 15 de julho de 2021.

A informação confere com a confissão do hacker Patrick César da Silva Brito no âmbito de inquéritos e ação judicial de coação no curso de processo que tramitam em Araçatuba, informados pelo próprio criminoso. O araponga afirmou que Pimenta lhe pediu para atender serviço particular de seu meio-irmão, Walmir Vitorelli Braga, cunhado da prefeita Suéllen. O hacker, que continua isolado em Belgrado na Sérvia para onde fugiu em 2021 e de onde praticou os crimes, disse que recebeu de Pimenta dados de um registro (RDO) onde este jornalista registrou ameaça por um servidor durante cobertura de matéria sobre buraco de rua aberto pelo DAE.

Ocorre que o policial, que atuou na seção de crimes especializados no DEIC de Araçatuba (Seccold), foi além. O CONTRAPONTO apurou que Felipe Pimenta adentrou ao sistema Detecta da Polícia Civil Paulista, em três dias consecutivos (13,14 e 15 de julho de 2021). O Detecta é um sistema de monitoramento inteligente implantado pelo Governo de SP] composto pelo monitoramento através do uso de câmeras, combinado com o o maior banco de dados de informações policiais da América Latina, integrando ao sistema os bancos de dados das polícias civil e militar, do próprio Registro Digital de Ocorrências (RDO), Instituto de Identificação (IIRGD), Sistema Operacional da Polícia Militar (SIOPM-190), Sistema de Fotos Criminais (Fotocrim), além de dados de veículos e de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Detran.

Exatamente esta informação do registro (RDO) foi dada por Patrick. O hacker foi ainda mais preciso. Ele revelou em vários depoimentos, como à Comissão Temporária do Legislativo que apurou o mesmo caso, que o escrivão Pimenta lhe disse que acessou os sistemas da Polícia Civil utilizando as credenciais de outro policial civil. Apuramos que Felipe Pimenta responde por violação do sigilo funcional exatamente em relação a estes fatos.

Mais do que isso: é corrente em Araçatuba que o meio-irmão do cunhado da prefeita se valeu da utilização de senha de um perito criminal de nome Hericson dos Santos – que nada tem a ver com o episódio.

BUSCA E APREENSÃO

A investigação em torno dos crimes cibernéticos avança junto a Polícia de Araçatuba e também na Polícia Federal da Capital. Apuramos que, em abril passado, quem estava na sede da Seccold pertencente ao DEIC de Araçatuba soube da busca e apreensão autorizada pela Justiça na sala onde trabalha o escrivão Pimenta. Felipe Garcia Pimenta teve apreendidos aparelho de telefone celular e computador.

Passo a passo, o caso hacker revela que Walmir Vitorelli Braga se valeu de seu meio-irmão e policial Felipe Garcia Pimenta para que o cunhado da prefeita contratasse Patrick Brito para vasculhar a vida privada deste jornalista, conforme o araponga detalhou.

Na mesma linha, conforme antecipamos, o próprio Walmir Vitorelli não teve outra alternativa a não ser confessar que contratou os serviços do araponga e pagou cerca de R$ 1.400,00 pelos serviços, conforme abaixo, em detalhes.

A Polícia Federal de SP recepcionou representação protocolada pelos advogados deste jornalista, no âmbito do inquérito que apura crimes cibernéticos – praticados por Patrick Brito e seus parceiros quando estava (como permanece) fora do País, em Belgrado na Sérvia. Os crimes nesta condição (com autor fora do País) são competência da PF.

O QUE FALTA?

Faltam poucos passos para fechar todas as peças e envolvidos no caso hacker, até aqui com 3 envolvidos diretamente, com provas materiais, de depoimentos e ampla investigação.

 – Falta levantar elementos em relação ao serviço ilegal informado pelo hacker Patrick em relação a vereadora Estela Almagro. Walmir nega este fato.

 – Falta aguardar as conversas entre os envolvidos e o cruzamento das informações com o que foi levantado em relação a cada um. Ou seja: aguardar as perícias no celular do policial Pimenta, assim como nos aparelhos do hacker Patrick e também no celular utilizado por Walmir Vitorelli.

 – Cruzar as conversas entre si: Pimenta-Patrick, Patrick-Walmir e Walmir-PImenta. Detalhe: em depoimento em que confessa a contratação e pagamento do hacker, Walmir aponta que conversou com Pimenta após o caso ser denunciado em sessão (23/10/2023) pelo vereador Eduardo Borgo.

 – Ou seja: é salutar imaginar que as investigações verifiquem o que foi conversado entre os envolvidos entre julho de 2021 (data da invasão dos dados deste jornalista no Detecta da Polícia) e março de 2022 (quando o hacker indica que finalizou os serviços – incluindo derrubar Facebook da vereadora Estela) e também seja apurado o que Walmir e Pimenta conversaram quando o dossiê veio à tona (outubro de 2023 em diante), conforme o cunhado da prefeita.

 – Apurar de onde foi feito o pagamento confessado por Walmir (conta corrente das remessas bancárias digitais) ao hacker, em agosto e outubro de 2021, e qual a origem do recurso utilizado?

 – Checar, com lupa, nomes e circunstâncias de terceiros nessa história umbilical e familiar que até aqui já “capturou” três criminosos.    

 

JORNALISTA AGUARDA PERÍCIAS E QUEBRA DO SIGILO TELEFÔNICO DOS INVESTIGADOS

 

Com 30 anos de jornalismo, recorro ao texto em primeira pessoa para, infelizmente, narrar fatos criminosos onde, novamente, figuro como vítima, em razão do exercício da profissão. No “caso hacker”, entre as singularidades está um criminoso que, inclusive ao Judiciário e Polícia Civil, confessa ter sido contratado para levantar algo sujo, de minha vida pessoal, a serviço do cunhado da prefeita de Bauru, Walmir Vitorelli Braga, atual tesoureiro do PSD, partido hoje sob comando de Suéllen Rosim. (reportagem PARTE 1).

Com segurança, a pressão (e ansiedade) de estar convivendo com a exploração política do episódio, em silêncio, há bem mais de 1 ano, venho, aqui, sugerir a mesma paciência que guardo para então revelar apurações que realizei até aqui: 09 de março de 2024, apontando materialidade, confissões e provas de mais um capítulo nojento da política bauruense.

A cronologia é longa…

Mas se você prefere ler só o título desta PARTE 1 do caso: o cunhado da prefeita, Walmir Vitorelli Braga, confessa que contratou o hacker e criminoso Patrick Brito para levantar informações, em 2021, sobre minha vida pessoal. E fez o pagamento pelo serviço sujo!

Em 30 de agosto de 2022 recebi ligação do número abaixo, da Sérvia, onde um sujeito, sem se identificar, disse ter sido contratado para espionar minha vida pessoal e encontrar “algo de podre” sobre mim. Na ocasião, a voz masculina tinha como registro Mario. Ele me disse que entregaria provas se eu publicasse (em troca) matéria com acusações em relação a prefeita Suéllen Rosim e seu cunhado, Walmir Vitorelli Braga. Segundo ele, isso aconteceu no segundo semestre de 2021, quando a prefeita e seu cunhado estariam bravos com reportagens aqui do CONTRAPONTO.digital.

Rejeitei, como hoje se sabe, a solicitação. Mantive segredo sobre a ligação e aguardei os fatos.

– Em outra ligação, o tal Mario que usava o número +381 63 7583887, repetiu que sua família estaria sofrendo ameaças em Araçatuba (SP), contou outros fatos (crimes), disse que também teria sido o autor da derrubada da página no Facebook da vereadora Estela Almagro, que fez levantamentos contra o ex-prefeito de Santos, ex-governador Márcio França (candidato ao Senado contra o bauruense Marcos Pontes, na ocasião, 2022)…

Encerrei a conversa exigindo provas a meu respeito e sua identificação. Informei a vereadora Estela Almagro da tal ligação e esta me disse que sua página no Facebook ficou de fato “fora do ar” por meses. Ela guardou segredo sobre o que lhe contei. Mas o interlocutor sumiu. Não mais fez contato.

– No mesmo período, entretanto, um assíduo frequentador do grupo político do atual governo me alertou que teria ouvido conversa no núcleo dando conta de que “estavam atuando para me hackear”. Como se diz em Itaberá (SP), minha terra Natal, “joguei duas iscas” ao redor para sondar se pulava algo do fundo do açude. Funcionou.

– Persegui monitorando, em silêncio. Contatei um experiente policial (Civil), estabeleci estratégia de apuração jornalística e segui minha vida (a profissão de jornalista). Observação: prossegui realizando matérias de questionamento sobre políticas públicas e a gestão municipal, sem alterar o tom.

– Apenas no segundo semestre de 2023, voltei a ser procurado. Desta vez, em Bauru. O interlocutor falava em entregar cópia de um suposto dossiê onde, entre outros fatos, estaria a descrição de serviço sujo de levantamento sobre minha vida pessoal praticada por gente do governo local. Não o fez. Nem mostrou conteúdo. Sai de férias, em outubro. No primeiro dia de descanso, a segunda-feira de 23/10/2023, o vereador Eduardo Borgo divulga, em discurso em sessão plenária, a denúncia e partes do comentado tal dossiê:

Araponga: sessão traz denúncia de contratação de hacker para espionar jornalista Nélson Itaberá – CONTRAPONTO

 

– A partir de então, como publicado, vieram as primeiras revelações. Entre elas, a de que Patrick Brito era o hacker indiciado e procurado pela Polícia Internacional (Interpol), foragido em Belgrado, na Sérvia, acusado de inúmeros casos de arapongagem. Em ação de coação no curso do processo, no Fórum de Araçatuba, somente em meados de 2023, através de seu advogado Daniel Madeira, foi oficializado relatório onde este confessa que praticou diversos crimes, entre os quais a tal “devassa” em minha vida pessoal. Finalmente, em outubro de 2023, tive algo “no papel”.

– No relatório, que confirmei veracidade junto a defesa do hacker, tinha descrição dos serviços que, segundo o criminoso, teriam sido contratados por Walmir, cunhado da prefeita de Bauru. Patrick também leva ao Judiciário afirmação de que seu meio irmão, o policial Felipe Pimenta, de Araçatuba, é quem teria lhe solicitado que falasse com Walmir. O material, sigiloso, vazou em parte a partir da revelação por Borgo em sessão legislativa.

– A partir dai ficou, então, estabelecido que o tal Mario era o hacker. Bastou comparar as vozes. E o próprio assumiu que usa apelidos de suas vítimas antigas (dos serviços sujos) em registros de telefone celular que utiliza. Apurei que Patrick usou o número (18) 99192-5951. Que ele, mesmo fora do País, mantinha contato também com um policial de nome Edson, com envio de mensagens para o número deste (18) 99706-4200.

– Apurei que o hacker também utilizou o número (18) 99198-6501, mas com nome falso de Paziam. Que falou com o cunhado da prefeita, Walmir, pelo número (18) 98104-7523, com nome citado como do PSC, partido que veio a ser comandado também pela família Rosim em Bauru. Verifiquei que o hacker Patrick alegara que fez contatos com o policial Pimenta, meio irmão do cunhado da prefeita, através do número (18) 99733-3392.

– Infelizmente, estava a partir de outubro de 2023 formalizado, em processo judicial e inquéritos em andamento na Polícia Civil, que Bauru passara a registrar em seu turbulento histórico político mais um episódio de sujeira, crime do lamaçal político! O boleto acima é prova material importante. Documento do pagamento, agora confessado por Walmir.

– O sumiço de Mario estava explicado: o hacker que usa nomes falsos ficou preso de dezembro de 2022 até a véspera do Natal de 2023 na prisão central de Belgrado (Sérvia), onde permanece, agora, em um apartamento e pede asilo político.

– O tal Pazian, nome falso do hacker, acabou trazendo prova material de que Patrick conversava com desenvoltura com o policial Pimenta sobre ação criminosa em Bauru. Veja esta prova que o próprio hacker enviou.

Ele manda recado ao policial de Araçatuba, meio irmão do cunhado da prefeita, até sobre derrubar a prefeita Suéllen com suas denúncias:

Paziam, nome falso do hacker, em conversa com policial Pimenta sobre derrubar a prefeita Suéllen – prova material

– Em depoimento, ao vivo, à Comissão instalada pela Câmara para apurar o caso hacker, Patrick Brito confirma toda sua versão da denúncia, detalha o que seria a devassa, segundo ele, atingindo conta bancária pessoal deste jornalista, hotmail, invasão de roteador e pesquisa de dados em sistemas públicos como Detran e Secretaria de Segurança Pública do Estado) para, segundo ele, atender ao pedido de Walmir de fornecer ‘algum podre’ pessoal deste jornalista.

Walmir Vitorelli Braga, cunhado da prefeita e tesoureiro do partido presidido por Suéllen, confessa pagamento ao hacker para levantar a vida pessoal do jornalista Nélson Itaberá
MENTIRA E CONFISSÃO

– Com a eclosão do caso por Borgo, o cunhado da prefeita, em nota oficial enviada à rádio 94 FM, mente: Walmir diz que fez contato com o tal hacker, mas nega que tenha o contratado para levantar algo sobre a vida pessoal deste jornalista (Nelson Itaberá)!

– Demorou, mas a ‘casa despenca’. Apuramos, com total convicção e segurança (contando com testemunha idônea no setor de investigação), que o cunhado da prefeita, Walmir Vitorelli Braga, confessa que pagou o hacker Patrick Brito. Como o criminoso está na Sérvia, a quitação foi através de remessa pela agência Confidence, do Shopping Araçatuba. O hacker entrega dois boletos. Um de 13/08/2021, acima, de quase R$ 1 mil. Walmir assume que pagou o serviço.

– Já está claro, que Walmir mentiu em sua nota quando nega acionar o serviço do criminoso contra este jornalista. O cunhado da prefeita mente também em recente depoimento à Seccional de Bauru, em outro inquérito, sobre fatos deste lamaçal em que se meteu.

Trechos da fala do cunhado da prefeita, Walmir Vitorelli, à Polícia Civil de Bauru, em 2024. Ele mente sobre pagamento ao hacker

– Outro boleto, com valor de cerca de R$ 466,00 (na conversão do dólar à época). de novembro de 2021, seria pelo serviço de derrubar a página de Estela. Mas o cunhado da prefeita mantém negativa em relação a esta ação. Do pagamento de agosto, o hacker sempre repetiu: “ele (Walmir) pagou da conta dele”.

– Apurei que Walmir Braga afirma que pagou o hacker para levantar algo grave sobre a vida pessoal deste jornalista, algo que o “desabonasse”, como confirma Patrick Brito.

– Apurei junto a um integrante do governo: a mentira de Walmir sobre a não contratação do hacker “escapou” em um encontro, com muitos políticos e bebedeira, em uma casa da Zona Sul de Bauru, há pouco tempo.

3 APURAÇÕES

– O caso está, neste momento, sob apuração no Inquérito número 42 da Polícia de Araçatuba, na Corregedoria da Civil daquela cidade e, finalmente, com a Polícia Federal da Capital Paulista – em razão de se tratar de crime cibernético, confessado por hacker como realizado fora do País, onde permanece  Patrick Brito.

– Apurei que o cunhado da prefeita, integrante de campanhas eleitorais da família Rosim nos últimos anos, tesoureiro agora do PSD (partido presidido por Suéllen Rosim), disse que o serviço com o hacker criminoso foi porque não gostou de matéria a respeito de suposto uso da igreja (culto) durante a pandemia. Apurei que Walmir levou ao Ministério Público reclamação a respeito, na época.

– O clã Rosim, de lá para cá, ampliou seus tentáculos partidários. O pai da prefeita, Dozimar Rosim, toma o PSC. A família distribuiu outros membros em postos como secretaria e tesouraria de partidos, como o PSD, esta chefiada por Walmir.

– E o que isso tem a ver com o serviço sujo que ele pagou para o criminoso hacker Patrick Brito fazer? Nada! Esta é a desculpa de Walmir. Registre-se, entretanto, que esta informação contradiz com a alegação do hacker, de que fora contratado porque a prefeita teria ficado brava com matérias do CONTRAPONTO com questionamentos a ações de sua gestão, na ocasião…

– mensagens entre telefones celulares entre os envolvidos, metadados, registros, emails trocados, confirmação de busca em CPF pessoal no sistema da Polícia Civil (o tal RDO em 2021) e outros pontos, necessários, continuam em apuração. O CONTRAPONTO, ao menos, apura!

– Estas são as PARTEs 1 e 2 de um escandaloso jogo sujo, criminoso, com confissão pelo cunhado da prefeita…

Hacker Patrick Brito confessa que fez serviços sujos da Sérvia , onde está desde 2021

…  ..

… “… levante informações do Nelson… Para eu ter isso na minha mão da vida dele”…

 

 

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